sábado, 9 de janeiro de 2010

Lições da Escuridão, de Werner Herzog



Até planejei começar o novo ano aqui com algum balanço das melhores coisas vistas em 2009, mas isso fica para um segundo momento. Depois de ter visto ontem três belos documentários de Werner Herzog, resolvi me ater a um que até agora me assalta a lembrança: Lições da Escuridão (1992), que o diretor alemão dirigiu à época do término da Guerra do Golfo, retratando através de um ponto-de-vista extraterrestre (no mais aterrador sentido de filme de horror, mais que ficção científica, que essa opção implica) os campos de petróleo incendiados do Kuwait, enquanto uma equipe tenta extinguir todo aquele fogo que brota da terra.



Todo musicado por Verdi, Mahler, Prokofieff entre outros grandes, Herzog desbrava aquele inferno negro de óleo e areia em tomadas vindas de outro planeta, tamanho o choque de beleza que recebemos de uma paisagem desoladora, tomada por máquinas que mais parecem animais selvagens ('dinossauros', como o filme registra em determinado momento). A narração do diretor é muito pontual, e suas poucas palavras são poéticas e questionadoras, até porque é mesmo muito difiícil definir esse 'êxtase da verdade' (expressão do próprio Herzog) o qual ele nos propõe testemunhar - não só aqui, mas em praticamente toda sua obra. Há dois depoimentos pontuais avassaladores, pra dizer o mínimo. Em um deles, uma mulher que perdeu a fala vendo os dois filhos torturados por soldados gesticula para tentar mostrar o que viu - é de ficar marcado a fogo no fundo da alma, o tipo de cena que parece sintetizar todo um século de barbáries inomináveis.



A propósito, há uma entrevista com Herzog aqui, na última edição da revista do sindicato dos diretores dos EUA (DGA). Vale a pena dar uma lida.


Um comentário:

  1. Tb não curto fazer as coisas no tempo certo. Hehe. To louco para ver o Vício Frenético do Alemão doido.

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