O último dia da Mostra Competitiva não foi bem um fechamento com chave de ouro. O primeiro longa exibido na noite foi o documentário Herbert De Perto, dirigido por Pedro Bronz e Roberto Berliner, biografando a vida do vocalista e guitarrista dos Paralamas do Sucesso, Herbert Vianna.

Enfim, ficamos sabendo mais uma vez de praticamente tudo o que foi pisado e repisado pela mídia principalmente à época do trágico acidente com o ultraleve do músico, que acabou vitimando a esposa de Vianna, Lucy. Trechos de clipes, shows, a admiração pelo palco do Circo Voador – e o próprio Herbert, por vezes mostrado revendo trechos dessas memórias na sua TV (e rememorando-as), é o de mais interessante que o filme tem a nos oferecer. É muito homenagem para pouco cinema. Razoável, mas esquecível.

O resultado, num primeiro momento, burla a impressão de que o filme seria mais um do gênero teen, na pior e mais irritante acepção do termo. Mas o roteiro, episódico como o tabuleiro do Jogo da Vida (de onde se nota o dedo de Jorge Furtado, que o escreveu em colaboração com a diretora e Paulo Halm) não demora a tornar seu esquematismo em tédio – o que não deixou de lembrar um dos curtas exibidos ao longo do Festival, Nesta Data Querida, de Julia Rezende, que trata de uma criança melancólica com sua festa de aniversário vazia. É o tipo de obra bonitinha, mas ordinária – com elementos que séries como Anos Incríveis tiveram bem mais êxito em explorar.
Se pensarmos na dieta recente desse estilo de filme dos afamados “ritos de passagem” que o cinema tem nos oferecido, o primeiro exemplar que logo me vêm à memória é o extraordinário O Retorno, do cineasta russo Andrei Zvyagintsev, uma fita de força rara e reverberante sobre a relação de dois garotos com o misterioso pai. O problema do longa-metragem de Azevedo é que ele não nos diz nada como imagem de cinema, nada é apreendido pelo espectador exceto o que esta ali, na superfície - a câmera, aqui, é mais um artigo meramente funcional do que uma poderosa ferramenta de produção de significados e sensações – questão, afinal, de senso estético, de real vontade de se fazer cinema, atitude que, com raras exceções, não parece ter sido o que moveu essa segunda edição do Festival Paulínia de Cinema.
Bom, pode ser o efeito de eu ter crescido com os Paralamas, mas sinceramente cheguei a esconder umas lágrimas várias vezes durante o documentário sobre a vida, "morte" e volta de Herbert Vianna.
ResponderExcluirQuanto ao filme da Ana Luiza Azevedo....ahhh...vc tá parecendo aqueles chatos do orkut, hahaha. Adorei o filme, gostoso demais e, nossa, CHEIO de informações visuais (ou seja, cinematográficas) brincando com o lance do pai do garoto ser fotógrafo, a questão do ponto de vista, as fotos, os brinquedos que a irmã (MEIA IRMÃ!) do garoto brinca (todos relativos à questão das imagens), etc. Fora que o roteiro está cheio daquele estilo "cinema hyperlink" que é a marca registrada do Jorge Furtado, tudo tem ligação com alguma coisa já vista ou que será ainda vista no filme, um link cultural, e assim por diante. Achei um filme muito, mas muito melhor que "O Contador de Histórias", esse sim bobinho e pretensioso. Antes que o mundo acabe....show de bola, hehe.