domingo, 9 de dezembro de 2007

A viagem vazia de Wes Anderson

Darjeeling: elenco bom, filme fraco

Ainda não havia visto nada de Wes Anderson. Resolvi arriscar nesta sua última obra, Viagem a Darjeeling (The Darjeeling Limited). É um filme bem mediano, saí com sensação de vazio do cinema. Aqui ou ali aparecem umas boas cenas (a do funeral do garoto, a da fogueira), algumas peripécias de estilo, como os belos planos em câmera lenta, mas nada daquilo tem muito vigor ou consistência. O roteiro é fraco, enfoca a jornada de três irmãos que partem para uma jornada espiritual, no intuito de exorcizarem a perda do pai e para se entenderem melhor. O elenco é bom (Jason Schwartzman, Owen Wilson, Adrien Brody - além de uma ponta impagável de Bill Murray), mas Wilson parece não conseguir sustentar seu filme por muito tempo. Não há um bom equilíbrio entre comédia e melancolia - tive a impressão que, aqui, um parece anular o outro. Apesar de sua curta duração, cerca de 90 minutos, Viagem parece se arrastar durante seu ato final, onde há uma ponta nada marcante de Anjelica Huston, que interpreta a mãe do trio. A música, sim, é boa - a trilha é composta majoitariamente por divertidas melodias tiradas dos filmes do cineasta indiano Satyajit Ray. Mas é só, alguns risos aqui e ali e, saindo do cinema, o filme estranha e rapidamente desaparece da cabeça.
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*Update (20/12/2007): na sessão em que estava não passaram o curta que o próprio Anderson dirigiu como um prólogo a esse filme, Hotel Chevalier (que, aliás, é muito melhor que todo o filme em si ). Já o havia visto na internet, mas que baita vacilo. Será que foi só comigo?

Um comentário:

  1. Murilo,
    não sei, posso estar enganada, mas pra gostar do Wes e dos seus filmes tem que ter talvez um mínimo de cumplicidade com a sua obra, entender um pouco o contexto do cinema norte americano, da vertente independente, acho que tem que gostar da contra-cultura,ou ao menos, perceber onde é que ela se situa. a sensaçãod e vazio está em outras obras do wes tbm, é inevitável, ele tá falando de coisas que se não são admitidamente um vazio, os relacionamentos, caem sempre num vazio.
    espero não ter sido muito apaixonada, mas já sendo, acho que vale a pena ver os tenenbaus ou a viagem marinha. e se entregar ás esquisitices.
    Erica.

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