segunda-feira, 19 de novembro de 2007

O Silêncio do Lago (Spoorloos, 1988)

Johanna ter Steege e Gene Bervoets: thriller franco-holandês genial

Vi ontem essa pérola, dirigido pelo franco-holandês George Sluizer, uma obra simplesmente hipnótica. Construção de suspense magistral, é um filme de silêncios sufocantes. Baseado num romance de Tim Krabbé chamado "O Ovo Dourado" (as metáforas visuais que provêm desse título são habilmente usadas ao longo da narrativa), é a busca de Rex Hofman (interpretado por Gene Bervoets) pela sua namorada, Saskia (Johanna ter Steege), que desaparece estranhamente quando vai comprar um refrigerante numa loja de conveniência de um posto de gasolina. Sluizer, aqui, sutilmente vai estabelecendo a estrutura narrativa do filme, por vezes indo e voltando no tempo sem que nada se torne confuso ou entediante. Seus enquadramentos e angulações conseguem ressaltar à perfeição o clima mórbido da história, com plongées fascinantes e movimentação de câmera a la Hitchcock, uma influência evidente do diretor, além dos diálogos ricos e precisos. O filme flerta com o road-movie, em seu iníco em que o casal viaja para passar o feriado na França. Mas já aos 20 min., o filme já subverte esse conceito de maneira primorosa, deixando o espectador inquieto. O personagem de Bernard-Pierre Donnadieu, um professor de química perturbado chamado Raymond Lemorne, é desenvolvido com perfeição na sua calma e serenidade angustiantes. O desfecho é igualmente impressionante mas, talvez, para quem tenha visto Kill Bill, de Quentin Tarantino, esse impacto seja um tanto reduzido. Mas é preciso levar em conta que o magnífico filme de Sluizer é de 1988, bem antes de Tarantino iniciar sua carreira e, consequentemente, sua interminável odisséia de referências (homenagens, colagens) cinematográficas, cujo Spoorloos é uma das principais dentro de sua saga de vingança sangrenta. Há uma refilmagem (que não vi), The Vanishing, de 1993, que o próprio Sluizer dirigiu com Sandra Bullock, Kiefer Sutherland e Jeff Bridges, massacrada pela crítica. Porém, esqueça o remake e Kill Bill por um momento, e deixe-se levar por esse thriller memorável. O lançamento em DVD é da Silver Screen.

2 comentários:

  1. Um dos meus filmes de suspense favoritos. Hitchcock ficaria orgulhoso se assistisse ele.

    ResponderExcluir
  2. Nossa, esse thriller é digno de um Hitchcock moderno e até mais violento. Não é tão apreciado quanto devia. O final é arrebatador!

    ResponderExcluir