sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Kubrick "State-of-Art"

Falar de Kubrick é falar do ápice do Cinema em muitos aspectos. Parece chover no molhado dizer que só fez obras-primas definitivas, doze filmes magníicos numa gloriosa carreira de quase 50 anos. Suas obras tinham tempo certo de maturação, de desenvolvimento. O cineasta nova-iorquino tinha uma característica primordial que era fazer de seus filmes verdadeiros ícones culturais atemporais. 2001 - Uma Odisséia no Espaço (1968), visto à época, hoje ou daqui a 100 anos não será peça de museu, um culto saudosista, ou mesmo um filme ultrapassado. Kubrick sabia como ninguém construir em seus filmes a essência da reflexão humanista e científica e conjugá-las com o fazer cinematográfico, sem melodramas ou excessos. E se a essência de uma obra de arte se mantém intacta, aí está sua imortalidade. É conhecido por ser cerebral, mas a emoção dentro de suas obras, que não significa o choro meloso ou a gargalhada besta e rasgada, brota exatamente daí: o pensamento racional, apesar de exato e rigorosamente estruturado, tem um limite, uma barreira por vezes invisível, mas que está lá, e a emoção quebra essa divisa, ela é infinita e não absoluta. E Kubrick faz exatamente isso: transborda esse limite. Sua narrativa "explode" no segundo ato de Nascido Para Matar; Alex busca redenção em Laranja Mecânica, e o choro de sua mãe parece demarcar a ultrapassagem desse limite estrutural-racional para um estado emocional quase que opressivo, que não nos faz chorar junto, mas nos obriga a pensar e refletir sobre a transformação desse personagem. Dr. Strangelove nos faz rir, sim, mas num estado de perplexidade com a situação de uma guerra nuclear poder ser deflagrada por pura imbecilidade política. Ao final de 2001, chegamos num estado de torpor, indecifrável, onde não podemos explicar aquilo que vimos, mas ao absorver aquelas imagens hipnóticas, com a música transcendental de Strauss ao fundo, sentimos um pouco da maravilha que é a existência humana. É isso, Kubrick não nega as emoções, ele as estimula através da reflexão e do pensamento.

3 comentários:

  1. Saudações e boa sorte com o novo blog, Murilo!

    Walrus

    ResponderExcluir
  2. E realmente é difícil acreditar q p Kubrick só fez 12 filmes ao todo, sendo q dá para cortar para 10 ou 9 os filmes realmente acessíveis dele. Eu ainda não vi o primeiro longa e dois curtas dele, mas confesso q desde A MORTE PASSOU POR PERTO nunca vi nada dele que esteja abaixo de obra-prima!

    E fui o primeiro nos comments! Uh! :OP

    ResponderExcluir
  3. Valeu, daniel!
    Bom, sobre os filmes de Kubrick, contei a partir do Killer´s Kiss, ainda tem os seguintes:
    The Seafarers (1953)
    Fear and Desire (1953)
    Day of the Fight (1951)
    Flying Padre (1951)
    Esses aí são raridade mesmo, achei pra baixar na net numa compilação de raridades do Kubrick! 3 deles são documentários, o outro é aquele longa Fear and Desire que o próprio Kubrick odiava. Hehe

    ResponderExcluir