segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

James Cagney: a energia em estado bruto


Ainda não conhecia o trabalho deste grande ator, que imediatamente se tornou um de meus prediletos. É impressionante o grau de magnetismo que Cagney consegue instaurar no espectador, com sua persona enérgica e sua imprevisibilidade que impressionam e surpreeendem. É extremamente expressivo, e seu trabalho, ao menos em três filmes fenomenais como Anjos de Cara Suja, Heróis Esquecidos e Fúria Sanguinária, não demonstra comedimento, mas é expansivo no melhor sentido do termo. Longe de ser exagerado, Cagney consegue fazer de seus diálogos e gestos mais do que meros recursos linguísticos: são espaciais, preenchem os sets e a tela com carisma e autenticidade absolutamente contagiantes. Seus embates travados com Pat O´Brien em Anjos..., assim como a cena final desse filme são inesquecíveis exemplos de como um ator consegue conquistar uma platéia com apenas um pequeno levantar de sobrancelha, ou apenas com sua sombra projetada na parede, e seu pedido de piedade ao fundo, no corredor da morte. Aliás, até quando não está em cena, Cagney tem o poder de impor sua energia: quando está na cadeia, em Fúria Sanguinária, e vemos os esforços de sua mãe para tentar manter o respeito e a reputação de seu filho perante seus capangas, ficamos com a sensação de que o personagem de Cagney está ali, não fisicamente, mas apenas sua personalidade e sua força expressiva, pronta para ser extravasada a qualquer momento. E a cena no refeitório da prisão, quando a notícia da morte de sua mãe passa de ouvido em ouvido, e silenciosamente chega até ele? Incrível. Méritos a Raoul Walsh, claro, mas quem consegue controlar um gênio desses? Cagney parece ser à prova de diretores, ele chega "ao topo do mundo", como diz seu personagem, sozinho. Até Humphrey Bogart em Heróis... fica tremendamente ofuscado perante presença de cena tão intensa. Certamente um dos maiores atores de todos os tempos. O cara não é brincadeira. Lembrei muito de Joe Pesci e Jack Nicholson enquanto via esses filmes, outros dois fantásticos atores que, suponho, devem a Cagney muito dessas belas descargas elétricas que conseguem realizar em cena.
-
P.S.: Sim, obrigado pela lembrança Daniel. Como me esqueci de Malcom McDowell? O próprio confessou sua predileção por Cagney num dos documentários que acompanham a edição dupla em DVD de Laranja Mecânica. De quem mais McDowell poderia tirar inspiração para tanto carisma e domínio de cena? Na mosca.

Um comentário:

  1. Jack Nicholson+James Woods+Malcolm McDowell+ Joe Pesci= James Cagney

    hahaha. Pena q o kubrick nunca trabalhou com CAGNEY. Aposto q ele queria nos anos 70, mas foi aquela época q ele ficou semi-aposentado.

    È top 10 meu há muito tempo, senhor CAGNEY. Recomendo agora os musicais com ele, vc vai se surpreender com a versatilidade dele. Nem parece o mesmo cara sanguinário dos filmes de gangster



    Walrus

    ResponderExcluir