segunda-feira, 6 de abril de 2009

O outro lado

Henry Fonda em Limite de Segurança (Fail-Safe, 1964)

Talvez o outro lado da moeda para o genial Dr. Fantástico, de Stanley Kubrick, Limite de Segurança, de Sidney Lumet, reserva grandes surpresas para o espectador que procura se aventurar numa visão menos ácida, mas carregada de melancolia sobre os meandros de um embate ideológico que quase fez o mundo voltar ao pó: a Guerra Fria.

A melhor coisa do filme de Lumet é que ele evita transformar seu filme num panfleto (ou, como fez Kubrick, num ataque brutal e certeiro à moralidade norte-americana) e explora ao máximo a tensão dramática oferecida pelo roteiro de Walter Bernstein e representada com a máxima autenticidade por duas figuras emblemáticas da história do cinema mundial: Henry Fonda (o presidente dos E.U.A) e Walter Matthau (o conselheiro da CIA Groeteschele). Claro que Dan O´Herlihy e Frank Overton também estão notáveis, mas os pilares são mesmo Fonda e Matthau – uma cena talvez resuma essa afirmação, quando Matthau ouve, consternado, Fonda ordenar um ataque nuclear em Nova Iorque no caso de Moscou ser atingida.

Lumet é um cineasta que trabalha os silêncios e os closes como ninguém, a exemplo das cenas de conversa com o chanceler russo. O diretor não perde nenhum olhar, nenhuma reação – e por essas e outras seu cinema consegue ser tão envolvente e emocional a ponto de os créditos, ao final, subirem e atingirem o espectador como um trator.

Um comentário:

  1. Juro q não sei qual é melhor. Esse ou Strangelove. Acho que um completa o outro. :D

    ResponderExcluir