segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Sobre o domínio de cena

Penso que todo cinéfilo que se preze tem a obrigação de prestar uma homenagem a Marlon Brando, seja ela de que forma for. A minha vai agora, neste relato. A cena entre o seu personagem, Terry Malloy, e seu irmão Charley (Rod Steiger), no carro, no magnífico Sindicato de Ladrões, prova que um grande ator se faz com um simples movimento: ao apontar a arma para o irmão, Brando exibe um equilíbrio digno de um gênio máximo da atuação. Não se exalta, não agride, mas empurra a mão de Steiger com delicadeza impressionante: “Oh, Charley!”, ele diz profundamente triste e desapontado. Solta um suspiro e vira o rosto, logo após. É fulminante o impacto emocional que Brando causa, e pelo qual desorienta por completo o irmão. Brando joga pela janela qualquer artifício de roteiro ou direção – e o próprio Elia Kazan, diretor, conta no documentário que acompanha o DVD do filme que praticamente não dirigiu a cena, deixou que Brando dominasse a tela. E como ele domina.

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