Encurralado (1971), primeiro filme dirigido por Steven Spielberg, nos passa a grata sensação do que seria um filme de suspense na sua essência, sem qualquer tipo de subterfúgio que nos fizesse desviar o olhar, sem nenhum excesso, só a polpa, o miolo, a gema. O filme é puro combustível, praticamente uma hora e meia de perseguição entre um caminhão-tanque e um Plymouth Valiant vermelho, de um pacato californiano interpretado brilhantemente por Dennis Weaver.
Duel, no seu título original, é uma obra que evidencia o talento de um sujeito com senso de ritmo extraordinário, em seu primeiro longa-metragem (inicialmente feito para TV, mas depois expandido para lançamento comercial nos cinemas). Esqueçamos do Spielberg açucarado, onde não há bomba nuclear que destrua uma família: aqui, Spielberg mostra a que veio num longa o qual Hitchcock certamente aplaudiu de pé. Este é o filme minimalista de Spielberg, de estrutura mais radical, sem que isso signifique, de maneira alguma, um filme menor, menos instigante. Arrisco dizer que este talvez seja o melhor Spielberg, ao menos o mais empolgante nos sentidos técnico e narrativo, principalmente quanto à decupagem e montagem de som.
O filme, logo de cara, se inicia com diversos planos subjetivos belíssimos do carro em movimento; não há qualquer tipo de introdução de personagem, apenas o motor roncando e veículo saindo da garagem. Spielberg se utiliza, nos vinte minutos iniciais, apenas do som diegético do rádio, e as narrações dos programas já funcionam como indícios da tensão que está por vir. E que maravilha é ver um diretor produzindo suspense com uma única ultrapassagem, ou mesmo quando enquadra o protagonista envolvido numa “bolha” que se forma ao seu redor pela tampa aberta de uma máquina de lavar, no momento em que telefona para a esposa de um posto de gasolina, mostrando o quanto ele está “encarcerado”, mesmo dirigindo numa pista de alta velocidade praticamente vazia, livre.
É de fato uma pérola, um low budget movie filmado em apenas treze dias, o que atesta a perícia de um diretor que estava apenas em começo de carreira, ainda sem o elevado espírito paternal politicamente correto com o qual os seus filmes posteriores viriam impregnados, muitas vezes de maneira exagerada e piegas. Mas está aí a prova inegável do trabalho de um mestre, acima de tudo, do entretenimento. O motorista que nunca vemos, a cena-chave no Chuck´s Café, as narrações em off, são todos recursos usados com a perícia e o ímpeto juvenil do então futuro rei-midas de Hollywood, que sabe como ninguém se comunicar com as massas e fazê-las sair de uma sessão de um filme seu satisfeitas como uma criança que acabou de ganhar o mais vistoso e colorido brinquedo.
Duel, no seu título original, é uma obra que evidencia o talento de um sujeito com senso de ritmo extraordinário, em seu primeiro longa-metragem (inicialmente feito para TV, mas depois expandido para lançamento comercial nos cinemas). Esqueçamos do Spielberg açucarado, onde não há bomba nuclear que destrua uma família: aqui, Spielberg mostra a que veio num longa o qual Hitchcock certamente aplaudiu de pé. Este é o filme minimalista de Spielberg, de estrutura mais radical, sem que isso signifique, de maneira alguma, um filme menor, menos instigante. Arrisco dizer que este talvez seja o melhor Spielberg, ao menos o mais empolgante nos sentidos técnico e narrativo, principalmente quanto à decupagem e montagem de som.
O filme, logo de cara, se inicia com diversos planos subjetivos belíssimos do carro em movimento; não há qualquer tipo de introdução de personagem, apenas o motor roncando e veículo saindo da garagem. Spielberg se utiliza, nos vinte minutos iniciais, apenas do som diegético do rádio, e as narrações dos programas já funcionam como indícios da tensão que está por vir. E que maravilha é ver um diretor produzindo suspense com uma única ultrapassagem, ou mesmo quando enquadra o protagonista envolvido numa “bolha” que se forma ao seu redor pela tampa aberta de uma máquina de lavar, no momento em que telefona para a esposa de um posto de gasolina, mostrando o quanto ele está “encarcerado”, mesmo dirigindo numa pista de alta velocidade praticamente vazia, livre.
É de fato uma pérola, um low budget movie filmado em apenas treze dias, o que atesta a perícia de um diretor que estava apenas em começo de carreira, ainda sem o elevado espírito paternal politicamente correto com o qual os seus filmes posteriores viriam impregnados, muitas vezes de maneira exagerada e piegas. Mas está aí a prova inegável do trabalho de um mestre, acima de tudo, do entretenimento. O motorista que nunca vemos, a cena-chave no Chuck´s Café, as narrações em off, são todos recursos usados com a perícia e o ímpeto juvenil do então futuro rei-midas de Hollywood, que sabe como ninguém se comunicar com as massas e fazê-las sair de uma sessão de um filme seu satisfeitas como uma criança que acabou de ganhar o mais vistoso e colorido brinquedo.
Murilo, gosto muito desse filme e adorei o seu texto. Tanto que peço permissão para publicá-lo em meu blog com os devidos créditos. Até mais.
ResponderExcluirOlá Murilo, colocarei o seu link e a sua crítica sobre Encurralado entre amanhã e terça, com a sua devida apresentação. Caso queira que eu coloque alguns dados sobre sua pessoa é só me avisar. O meu e-mail é cinemaniaco100@yahoo.com. É sempre bom conhecer pessoas entendidas no assunto, pois percebi isso logo no seu primeiro texto. Acabei de colocar minhas impressões sobre Benjamin Button, caso queira ler. Abs.
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