terça-feira, 3 de março de 2009

O sonho em Suspiria


Suspiria (1977) é um filme de pura atmosfera. E de forma alguma isso se torna redutor, à medida que vemos Dario Argento conduzir tudo no universo do sonho, onde o que reina, muitas vezes, é a histeria, o medo que não se revela, a mistura opressiva de cores saturadas (o próprio diretor já chegou a afirmar que “sonha em vermelho”) e ruídos. Aqui o que interessa não é o plot, ou a lógica de roteiro – mas sim o desenvolvimento cuidadoso dos espaços, labirínticos, cada um funcionando como um bloco dentro desse ambiente onírico (a sala dos arames, o quarto dos lírios, a sala de dança, a piscina). O filme de Argento, à sua maneira, desvenda essa mecânica, se assim for possível classificá-la, da fragmentação de imagens que constitui um dos mistérios mais intrigantes de quando estamos imersos no sono, sonhando – nunca temos plena noção do tamanho da escola, e cada canto parece uma descoberta da protagonista, proporcional à sua imergência naquela fantasia paralela. Quando Jessica Harper, ao final, sai feliz sob a chuva (um contraponto para a tempestade que marcou sua chegada à Alemanha), temos uma representação tão simples quanto bela do ato de acordar, de sentir o alívio da realidade quanto tocamos os pés no chão. Belo filme.

Um comentário:

  1. Estou com esse filme mas ainda não o vi. Devo conferir logo, logo. Abs.

    ResponderExcluir