John Carpenter é um daqueles diretores iconoclastas cujas imagens de horror e sarcasmo promoveram um novo refresco na maneira de se fazer cinema. Carpenter utiliza-se do formato scope como poucos, e isso é fato quando assistimos, por exemplo, a Eles Vivem, produção de 1988 sobre os malefícios da eterna passividade do ser-humano. No filme de Carpenter, as pessoas estão vivendo sob o controle de uma espécie de raça alienígena que exerce seu domínio sobre Los Angeles através de mensagens subliminares (“Compre, consuma, coma”), só possíveis de serem identificadas com um par de óculos escuros encontrados pelo personagem de Roddy Piper.
Pode parecer uma grande besteira (e de certa forma o é), mas Carpenter trata essa premissa, acima de tudo, com um senso de humor-negro que lhe é bem peculiar, e que nos faz rir por tudo que há de absurdo imbuído nesse plot. Carpenter homenageia carinhosamente as produções de terror e ficção científica B da década de 1950, com um olhar apuradíssimo que é ressaltado, como disse, pelo uso marcante da tela larga como ferramenta essencial para expressar a estranheza e o bizarro. Quando Nada, o protagonista, entra num supermercado e reconhece os alienígenas espalhados pelos corredores, e o travelling acompanha o surgimento de cada rosto estranho, temos claro exemplo de um cineasta com pleno domínio da técnica conjugada nas suas intenções narrativas – e o scope se torna, aqui, o melhor dos efeitos especiais.
Numa época em que o cinema, em grande parte, se utiliza dos recursos básicos de movimentação de câmera e de corte como mero acessório de luxo, ou de maneira tão arbitrária quanto murcha de significado, Carpenter dribla qualquer barreira orçamentária e impõe, com incrível uso da linguagem, sua autoralidade numa obra que não precisa de 3D Studio para ser convincente, intensa e engraçada. Aliás, Tarantino tem muito desse humor subversivo de Carpenter, certamente uma influência sólida para Death Proof, por exemplo.
O que torna Eles Vivem tão bom e interessante é sua capacidade de conjugar os elementos absurdos (portal luminoso, tele transporte, óculos escuros com poderes extra-sensoriais) com uma proposta de cinema realista, seca e tão cheia de ironia como a de Carpenter (a cena final, que provoca o riso como a prova da cumplicidade que o cineasta nova-iorquino estabelece com o espectador, é um exemplo claro). O diretor nos faz repensar o cinema como um dispositivo dinâmico, que transita pelos gêneros sem que estes sejam usados um em detrimento do outro, mas sim como alicerces para a reinvenção, para a reconstrução da linguagem.
Pode parecer uma grande besteira (e de certa forma o é), mas Carpenter trata essa premissa, acima de tudo, com um senso de humor-negro que lhe é bem peculiar, e que nos faz rir por tudo que há de absurdo imbuído nesse plot. Carpenter homenageia carinhosamente as produções de terror e ficção científica B da década de 1950, com um olhar apuradíssimo que é ressaltado, como disse, pelo uso marcante da tela larga como ferramenta essencial para expressar a estranheza e o bizarro. Quando Nada, o protagonista, entra num supermercado e reconhece os alienígenas espalhados pelos corredores, e o travelling acompanha o surgimento de cada rosto estranho, temos claro exemplo de um cineasta com pleno domínio da técnica conjugada nas suas intenções narrativas – e o scope se torna, aqui, o melhor dos efeitos especiais.
Numa época em que o cinema, em grande parte, se utiliza dos recursos básicos de movimentação de câmera e de corte como mero acessório de luxo, ou de maneira tão arbitrária quanto murcha de significado, Carpenter dribla qualquer barreira orçamentária e impõe, com incrível uso da linguagem, sua autoralidade numa obra que não precisa de 3D Studio para ser convincente, intensa e engraçada. Aliás, Tarantino tem muito desse humor subversivo de Carpenter, certamente uma influência sólida para Death Proof, por exemplo.
O que torna Eles Vivem tão bom e interessante é sua capacidade de conjugar os elementos absurdos (portal luminoso, tele transporte, óculos escuros com poderes extra-sensoriais) com uma proposta de cinema realista, seca e tão cheia de ironia como a de Carpenter (a cena final, que provoca o riso como a prova da cumplicidade que o cineasta nova-iorquino estabelece com o espectador, é um exemplo claro). O diretor nos faz repensar o cinema como um dispositivo dinâmico, que transita pelos gêneros sem que estes sejam usados um em detrimento do outro, mas sim como alicerces para a reinvenção, para a reconstrução da linguagem.
Eu adoro esse filme. É um "trash" de qualidade. O ator principal é de uma canastrice sem tamanha, hehe. E aquela luta-livre para ele colocar os óculos?
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