segunda-feira, 27 de abril de 2009

Corrida Contra o Destino (1971)


Corrida Contra o Destino (Vanishing Point, 1971) é daqueles filmes cujo despojamento salta à tela. É vivo e pulsante desde a primeira sequência, que de cara me pareceu uma bela orquestração à Sergio Leone. É uma obra que corre livre narrativamente, um raro prazer. Richard C. Sarafian conduz o filme como um jazzista, digno do rhythm & blues que preenche a trilha sonora. É datado na sua pregação dos ideais hippies (a motoqueira nua), mas é um road-movie que certamente apadrinhou a primeira cria de Spielberg, Encurralado, outra pérola do cinema de ação dos Estados Unidos na década de 1970. Mas o filme de Sarafian ganha pela sua dinâmica de personagens, no caso o DJ cego Super Soul que aconselha e dedica músicas ao ex-corredor interpretado por Barry Newman, que trabalha para uma oficina mecânica em Colorado, e tem pouquíssimo tempo para entregar um Dodge Challenger branco em San Francisco.

Quentin Tarantino fez uma bela homenagem a este clássico em seu À Prova de Morte, infelizmente inédito no circuito comercial brasileiro (estreou nos EUA há exatos dois anos) nesse eterno mistério que ronda o mercado de distribuição do Brasil. Enfim, Sarafian aqui retrata a desilusão típica dos anos 70, a falência da contracultura norte-americana (Kowalski rejeita as propostas tentadoras da motoqueira) de uma maneira bem peculiar, especialmente na seqüência que se segue à batida final, onde os planos de reação diante dos destroços do carro soam especialmente amargos ao espectador, tudo ao som de Kim Carnes cantando Nobody Knows. Clássico.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Sai primeira imagem oficial de Shutter Island, novo de Scorsese

O site Beyond Hollywood (via Empire) divulgou hoje a primeira foto oficial do novo filme de Martin Scorsese, Shutter Island. O diretor, Leonardo Di Caprio e Michele Williams aparecem no set. Veja:



quarta-feira, 15 de abril de 2009

Sai Novo Clipe de Bastardos Inglórios

Acaba de sair um novo clipe (exibido durante o American Idol) de Bastardos Inglórios, mais recente filme de Quentin Taratino. O vídeo mistura algumas cenas de bastidores com cenas inéditas. Confira:



Aqui, uma versão mais longa (que aparentemente não pôde ser exibida no programa) foi publicada pelo Cinematical

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Trens Estreitamente Vigiados (1966)

O outro lado

Henry Fonda em Limite de Segurança (Fail-Safe, 1964)

Talvez o outro lado da moeda para o genial Dr. Fantástico, de Stanley Kubrick, Limite de Segurança, de Sidney Lumet, reserva grandes surpresas para o espectador que procura se aventurar numa visão menos ácida, mas carregada de melancolia sobre os meandros de um embate ideológico que quase fez o mundo voltar ao pó: a Guerra Fria.

A melhor coisa do filme de Lumet é que ele evita transformar seu filme num panfleto (ou, como fez Kubrick, num ataque brutal e certeiro à moralidade norte-americana) e explora ao máximo a tensão dramática oferecida pelo roteiro de Walter Bernstein e representada com a máxima autenticidade por duas figuras emblemáticas da história do cinema mundial: Henry Fonda (o presidente dos E.U.A) e Walter Matthau (o conselheiro da CIA Groeteschele). Claro que Dan O´Herlihy e Frank Overton também estão notáveis, mas os pilares são mesmo Fonda e Matthau – uma cena talvez resuma essa afirmação, quando Matthau ouve, consternado, Fonda ordenar um ataque nuclear em Nova Iorque no caso de Moscou ser atingida.

Lumet é um cineasta que trabalha os silêncios e os closes como ninguém, a exemplo das cenas de conversa com o chanceler russo. O diretor não perde nenhum olhar, nenhuma reação – e por essas e outras seu cinema consegue ser tão envolvente e emocional a ponto de os créditos, ao final, subirem e atingirem o espectador como um trator.